BRASIL


Mortos em ação no RJ tinham de 14 e 55 anos; todos eram homens e metade com ordem de prisão

Dos 115 civis identificados, 1/3 não possui registro do pai; homem sem antecedentes fez aniversário na véspera da ação

Foto: Polícia Civil de Rio de Janeiro

 

Todos os civis mortos durante o confronto com a polícia nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, e já identificados, eram homens com idades entre 14 e 55 anos. Segundo levantamento divulgado pela Polícia Civil, metade dos mortos tinha mandado de prisão ou, no caso de um menor de idade, de busca e apreensão.

O relatório revela ainda que 44 dos 115 identificados (38%) nasceram no estado do Rio de Janeiro. A média e a mediana de idade são de 28 anos, e um terço deles não tem o nome do pai registrado.

Quase uma semana após a megaoperação que deixou 121 mortos, a polícia divulgou uma lista com 115 perfis, que não inclui os quatro agentes de segurança mortos na ação. Em dois casos, as perícias foram inconclusivas.

O documento inclui informações como RG, CPF, fotos, perfis de redes sociais, histórico criminal e mandados de prisão. Entre os identificados, 36 homens têm apenas o nome da mãe na filiação. Não há dados sobre raça, já que no Brasil essa classificação depende de autodeclaração.

O mais novo dos mortos tinha 14 anos e era investigado por “fato análogo ao crime de estupro de vulnerável”. O mais velho, Jorge Benedito Barbosa, conhecido como Pará, tinha 55 anos, já havia sido condenado por roubo e faria aniversário nesta quarta-feira (4).

Três dos mortos atingiram a maioridade neste ano, dois eram menores de idade (14 e 17 anos), dois não tinham data de nascimento registrada e três fizeram aniversário na véspera da morte.

Entre eles está Francisco Myller Moreira da Cunha, o Gringo ou Suíça, de Manaus, apontado como liderança do Comando Vermelho no Amazonas. Ele tinha mandado de prisão ativo e registros por homicídio, tráfico e porte de arma.

Outro caso é o de Yuri dos Santos Barreto, de 22 anos, sem registro de pai nem local de nascimento, que respondia a três ocorrências policiais, incluindo uma por posse de granadas caseiras.

Já Ronaldo Julião da Silva, de Campina Grande (PB), não possuía antecedentes criminais nem registros de envolvimento em ocorrências, segundo o documento.

No total, 49,5% dos mortos tinham mandados de prisão ou de busca e apreensão. Em 54 casos, não havia mandado ou informações suficientes para determinar a situação judicial.