BRASIL


IBGE aponta que 3,1 milhões de brasileiros vivem em vias sem acesso para carros

Levantamento mostra desigualdade na infraestrutura urbana e evidencia limitações de circulação e serviços básicos em favelas do país

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 19,2% dos moradores de favelas e comunidades urbanas, o equivalente a 3,1 milhões de pessoas, vivem em trechos de vias onde carros, caminhões e ônibus não conseguem circular. Nessas áreas, apenas motos, bicicletas e pedestres têm passagem. Fora desses territórios, essa limitação atinge 1,4% da população. Entre as 20 maiores favelas do país, Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ) e Paraisópolis (SP) registraram os maiores percentuais.

O estudo considerou como barreiras fatores como a largura da via e a presença de fiações que inviabilizam o tráfego. Mesmo em regiões com circulação de caminhões e ônibus, a desigualdade permanece. Nessas áreas, 62% dos moradores de favelas têm acesso a vias largas para veículos pesados, contra 93,4% no restante das cidades. Já 18,8% vivem em vias que só permitem carros ou vans, proporção muito superior aos 5,3% observados fora das favelas.

A pesquisa também identificou diferenças no acesso à coleta de lixo. Em trechos de favelas com circulação para veículos pesados, 86,6% dos moradores dependem da coleta domiciliar e 11,1% utilizam caçambas. Em outras regiões urbanas, os índices sobem para 92,4% e diminuem para 7%, respectivamente. No Centro-Oeste, a disparidade é ainda mais evidente: 76,8% recebem coleta domiciliar, enquanto 19,1% usam caçambas.

A pavimentação é outro ponto crítico: 21,7% dos moradores de favelas, cerca de 3,5 milhões de pessoas, vivem em vias sem asfalto, contra 8,2% nas demais áreas urbanas. As maiores diferenças foram registradas no Distrito Federal, com apenas 47,8% de pavimentação em favelas, e no Tocantins, com 42,4%. Em números absolutos, São Paulo lidera com 396 mil moradores em trechos sem pavimento, seguido de Recife (345 mil), Belém (255 mil) e Rio de Janeiro (233 mil).