BRASIL


Ex-integrante do Conselho de Previdência denuncia fraudes em descontos de aposentados à CPMI do INSS

Tonia Galetti afirma que alertou autoridades sobre irregularidades em associações de aposentados, enquanto movimentações financeiras de R$ 20 milhões são investigadas

Foto: Carlos Moura/Agência Senado

 

A advogada Tonia Andrea Galetti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), relatou à CPMI do INSS que, desde 2019, alertava autoridades sobre irregularidades em descontos de aposentados e pensionistas feitos por associações, incluindo filiações não autorizadas e aumento expressivo no número de associados. 

Segundo ela, em junho de 2023, durante reunião do conselho, o então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, estava presente. No governo anterior, tratou do tema com o ex-presidente do INSS José Carlos Oliveira. Tonia informou que associados relataram abordagens indevidas de outras entidades e que alguns descobriram filiações não autorizadas. Ela também desconfiava de organizações que registraram 80 mil novos associados em curto período. Ao ser questionada pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que o tema nunca foi debatido no conselho, embora tenha tomado conhecimento de medidas administrativas.

Durante a reunião, o relator apresentou dados indicando que Tonia e familiares receberam mais de R$ 20 milhões do sindicato ou da empresa Eficiente, gestora dos benefícios. No mesmo período, o número de associados teria aumentado de 145 mil para mais de 400 mil. Tonia afirmou que os valores recebidos foram fruto de trabalho. “Minha família trabalhou. Pode-se discutir se é moral ou não ter todos no sindicato, mas não é crime, porque houve prestação de trabalho”, declarou.

Ela negou qualquer fraude cometida pelo sindicato e explicou que, a partir de 2017, foi firmado acordo com o Banco BMG para ampliar a oferta de serviços aos associados, após constatar estagnação no número de filiados.

A CPMI também irá ouvir Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, acusado de movimentar mais de R$ 1,1 bilhão entre 2022 e 2024 com descontos indevidos de aposentados e pensionistas, segundo o senador Fabiano Contarato (PT-ES).