Cinco biomas registraram redução do desmatamento em 2024; Mata Atlântica tem avanço de 2%
Pantanal e o Pampa apresentaram as maiores quedas: de 58,6% e 42,1%, respectivamente.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O desmatamento caiu em cinco dos seis biomas brasileiros em 2024, de acordo com o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Mapbiomas. A exceção foi a Mata Atlântica, que registrou aumento de 2% na área desmatada em relação a 2023.
Entre os biomas, o Pantanal e o Pampa apresentaram as maiores reduções, com quedas de 58,6% e 42,1%, respectivamente. Em seguida aparecem Cerrado (-41,2%), Amazônia (-16,8%) e Caatinga (-13,4%). Apesar da redução, o Cerrado foi, pelo segundo ano consecutivo, o bioma com maior área desmatada: mais de 652 mil hectares.
No total, o Brasil perdeu 1.242.079 hectares de vegetação nativa em 2024 — o que representa uma redução de 32,4% na comparação com 2023. Ao todo, foram registrados 60.983 alertas de desmatamento. Em média, 3.403 hectares foram desmatados por dia no país.
Segundo o coordenador geral do Mapbiomas, Tasso Azevedo, a estabilidade na Mata Atlântica é atribuída a eventos climáticos extremos, especialmente no Rio Grande do Sul, que afetaram significativamente a vegetação nativa. “Se não houvesse os desmatamentos associados a esses eventos, a queda teria sido de 20%”, destacou.
A maior parte da área desmatada está concentrada na Amazônia e no Cerrado, que juntos somam mais de 89% do total. As formações savânicas responderam por 52,4% da vegetação suprimida, enquanto formações florestais representaram 43,7%.
Destaques regionais
A região do Matopiba — que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — concentrou 42% da perda de vegetação nativa em 2024. É também onde se encontra 75% da área desmatada do Cerrado. Os estados que mais desmataram foram Maranhão (17,6%), Pará (12,6%) e Tocantins (12,3%).
Em contrapartida, Goiás, Paraná e Espírito Santo reduziram o desmatamento em mais de 60%. Já Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Acre apresentaram crescimento. Só no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, eventos climáticos extremos resultaram na perda de 2.805 hectares de vegetação nativa, especialmente na Mata Atlântica.
Entre os municípios com maiores aumentos proporcionais de desmatamento estão Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal, todos no Piauí.
Terras indígenas e unidades de conservação
As terras indígenas perderam 15.938 hectares de vegetação em 2024 — uma redução de 24% em relação ao ano anterior. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) lidera em área desmatada, com 6.208 hectares, um aumento de 125%. Apenas 33% das terras indígenas brasileiras registraram algum evento de desmatamento no ano.
Nas Unidades de Conservação, a perda de vegetação nativa foi de 57.930 hectares, o que representa uma queda de 42,5% em relação a 2023. A Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, no Pará, liderou a lista, com 6.413 hectares desmatados.
Autorização e transparência
Do total desmatado no país, 43% ocorreu com algum tipo de autorização. O Cerrado lidera nesse quesito, com 66% da área desmatada sendo legalizada, enquanto na Amazônia esse índice foi de apenas 14%.
O Maranhão, além de liderar o percentual de desmatamento nacional, também foi apontado como o estado com menor transparência nas ações de fiscalização e liberação de autorizações, segundo Marcondes Coelho, do Instituto Centro de Vida.
Pressão agropecuária
Desde o início da série histórica do relatório, em 2019, o Brasil já desmatou 9,8 milhões de hectares, sendo 67% na Amazônia Legal. De acordo com o Mapbiomas, mais de 97% do desmatamento está relacionado à pressão da agropecuária.