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Brasil é pressionado a substituir Belém como sede da COP30 a menos de 100 dias do evento

Vinte e cinco países assinaram lista em que cobram resolução para, entre outros, alto custo da hospedagem na capital paraense

Foto: Augusto Miranda/Agência Pará

A menos de 100 dias do início da COP30, 25 países signatários da conferência climática da ONU enviaram uma carta à organização do evento e à UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) cobrando soluções urgentes para o alto custo da hospedagem e a precariedade logística em Belém (PA), cidade-sede do encontro.

O documento faz críticas à escalada nos preços de hotéis, à insuficiência de leitos, à insegurança e à dificuldade de deslocamento na capital paraense — e chega a sugerir a transferência parcial do evento caso os problemas não sejam solucionados a tempo. A carta, obtida pela Folha de S.Paulo, afirma que, se a COP for integralmente realizada em Belém, será preciso garantir condições mínimas de infraestrutura. “Se não forem atendidas, não teremos chance de chegar a um resultado de sucesso”, alerta o texto.

Entre os signatários estão representantes de países desenvolvidos, como Áustria, Bélgica, Canadá, Suécia e Suíça, além de blocos relevantes nas negociações climáticas, como o Grupo de Países Menos Desenvolvidos (LDC) e o Grupo de Negociadores Africanos. Embora reconheça os esforços do governo brasileiro e celebre a escolha de Belém como sede simbólica na Amazônia, a carta representa uma crescente pressão diplomática sobre o Planalto. A realização da COP30 é tratada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma das principais vitrines internacionais da política ambiental da gestão do petista.

O presidente da conferência, André Corrêa do Lago, confirmou, na quinta-feira (31), que alguns países cogitam uma mudança parcial da sede. “Acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, disse ele. Desde que Belém foi anunciada como cidade-sede da COP30, os preços de hospedagem aumentaram drasticamente, tornando-se um dos maiores desafios logísticos já enfrentados em edições recentes da conferência climática.

Com um déficit de leitos significativo, o governo tem avaliado alternativas como: uso de residências do programa Minha Casa, Minha Vida; escolas públicas como alojamento temporário; incentivo ao uso de Airbnb; e navios cruzeiros atracados no porto da cidade. Apurações internas também foram abertas para investigar indícios de práticas abusivas por parte do setor hoteleiro local.