BAHIA


PF investiga destino de carretas ligadas ao PCC abandonadas em Camaçari; refinaria baiana nega elo

Localizada em polo industrial, Dax Oil diz não ter contrato com transportadora apontada como empresa de fachada em esquema de lavagem de dinheiro

Imagem: Reprodução/Redes sociais

A Polícia Federal investiga a origem e o destino dos 22 caminhões-tanque encontrados em um posto de combustíveis de Camaçari um dia após a Operação Carbono Oculto, que mira a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mercado de combustíveis para lavagem de dinheiro do tráfico e outros crimes. A ação foi deflagrada em 28 de agosto pelo Ministério Público de São Paulo e pela Receita Federal em dez estados, incluindo a Bahia.

Segundo as investigações, ao menos 13 veículos carregados com produtos inflamáveis pertencem à G8Log Agro Ltda, identificada como empresa de fachada ligada ao esquema criminoso do PCC comandado por Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”. Ambos estão foragidos.

Nas redes sociais, Mohamad se apresentava como CEO da G8Log e consultor do grupo Copape, formuladora de combustíveis investigada pelo Ministério Público paulista por ligação com a maior facção criminosa do país. A empresa é suspeita de ser o epicentro da rede bilionária de fraudes fiscais e lavagem de dinheiro do PCC.

Criada em fevereiro de 2024, a G8Log Transportes gerencia uma frota de caminhões registrada em nome de outra empresa que transporta combustível para usinas de álcool do interior de São Paulo.

Mencionada em junho daquele mesmo por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro para o PCC, segundo reportagem da revista IstoÉ Dinheiro, a refinaria Dax Oil nega que as carretas supostamente abandonadas em meio a diligências da Carbono Oculto tivessem como destino o pátio de seu terminal, localizado no Polo Industrial de Camaçari.

A Copape e empresas associadas a ela — como a Dax Oil — teriam sido citadas em investigação do MP-SP em fevereiro de 2023, no âmbito da Operação Cassiopeia, de acordo com a IstoÉ Dinheiro.

À época, a refinaria baiana divulgou uma nota de repúdio na qual chamou de “falsas e criminosas” as acusações de  participação em atividades ilegais (leia aqui a íntegra da nota).

A Dax Oil, contudo, não figura como alvo da Carbono Oculto nem de mandados judiciais da operação.

“Recebemos diariamente carregamentos de diferentes fornecedores por diversas transportadoras. Nunca contratamos a G8Log para transporte de produtos ou qualquer outro tipo de serviço. Soubemos sobre essas carretas através da imprensa. Não são veículos da Dax Oil e desconhecemos os motivos pelos quais estão nessa situação”, disse a empresa em nota enviada ao MundoBA (leia a íntegra abaixo).

A TV Bahia apurou que os bens da G8Log foram sequestrados judicialmente, mas os caminhões não estão impedidos de rodar. Com mais de mil veículos, a companhia está proibida apenas de se desfazer da frota, sem restrição de circulação.

Criada em fevereiro de 2024, a G8Log gerencia uma frota de caminhões registrada em nome de outra empresa que também transporta combustível para usinas de álcool do interior de São Paulo.

Em nota, a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) informou que não participou diretamente da Operação Carbono Oculto, mas disse acompanhar o caso dos caminhões-tanque. Conforme o órgão, fiscais da agência coletaram informações dos caminhões, como placas, para verificação e possível ação conjunta com a Sefaz-BA (Secretaria de Fazenda da Bahia).

Procurada pela reportagem, a pasta estadual não se manifestou.

Ainda conforme a IstoÉ Dinheiro, todo o volume de nafta importado pela Dax — a maior importadora privada do produto no Brasil — era revendido diretamente para a Copape. No suposto esquema, a refinaria baiana atuaria como intermediária na compra do insumo.

De acordo com o MP-SP, Mohamad desembolsou R$ 52 milhões na compra da formuladora e da Aster Petróleo (distribuidora). O negócio foi fechado em 2020.

Leia a íntegra da nota da Dax Oil

“Diante do questionamento gerado, a Dax Oil Refino S/A, empresa que está há 24 anos instalada no Polo Industrial de Camaçari, uma das maiores contribuintes de ICMS do estado da Bahia e geradora de mais de 300 empregos diretos e indiretos, vem esclarecer:

– Recebemos diariamente carregamentos de diferentes fornecedores por diversas transportadoras;
– Nunca contratamos a G8Log para transporte de produtos ou qualquer outro tipo de serviço;
– Soubemos sobre essas carretas através da Imprensa. Não são veículos da DAX Oil e desconhecemos os motivos pelos quais estão nessa situação.

Reforçamos que todas as operações da Dax Oil são realizadas em conformidade com a legislação vigente e normativas regulatórias dos governos estadual e federal, bem como de acordo com as mais rigorosas normas de segurança e controle ambiental.

Por fim, alinhados ao nosso compromisso com a ética e a transparência, valores que pautam toda nossa atuação, nos colocamos à disposição da imprensa, das autoridades e da sociedade para quaisquer verificações de notícias e/ou outros esclarecimentos que se fizerem necessários.

Cyro Valentini Junior / Francisco Carlos Carvalho
Diretor / Diretor
DAX OIL REFINO S/A.