BAHIA


Fecomércio-BA afasta diretor por 90 dias após investigação sobre suposta fraude em sindicato filiado

José Loyola de Andrade Neto é alvo de inquérito sobre possíveis irregularidades na eleição realizada em dezembro de 2021

Foto: César Vilas Boas / Fecomércio

 

A Fecomércio-BA anunciou o afastamento provisório de 90 dias de José Loyola de Andrade Neto, representante do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos, Vestuários e Armarinhos de Salvador (Sindtav), depois de ele se tornar alvo de uma investigação que apura indícios de fraude no processo eleitoral da entidade sindical. O desligamento, que é temporário, ocorre em meio ao avanço do inquérito instaurado pela 16ª Delegacia Territorial para verificar possíveis irregularidades na eleição realizada em dezembro de 2021.

O afastamento foi oficializado nessa quinta-feira (4) e, por meio de nota, a Federação afirmou, que a decisão foi tomada “em caráter estritamente institucional” e que o período permitirá que Loyola “exerça seu direito de defesa para debelar, com tranquilidade, as acusações que geraram repercussões não relacionadas com suas funções”.

Segundo a entidade, a medida foi definida pela Presidência, “de comum acordo”, e será encaminhada ao Conselho de Representantes e à diretoria da Fecomércio-BA. A Federação destacou ainda o compromisso com a lisura da gestão atual. “A presente questão será encaminhada, oportunamente, para conhecimento do Conselho de Representantes e da Diretoria da Fecomércio BA, em observância ao compromisso permanente com a transparência e a lisura que sempre nortearam os atos da atual gestão.”

Entenda o caso

A investigação teve início após uma notícia-crime ser apresentada por Plínio Luís Queiroz de Moraes Júnior, ex-funcionário da Fecomércio-BA, que trabalhou na instituição por 38 anos. Ele apontou inconsistências na ata da eleição do Sindtav. O documento lista como votantes duas empresas que só foram criadas após a suposta data do pleito: a Ecoloy Soluções para Resíduos Têxteis Inova Simples, aberta em março de 2022, e a Dumar Soluções, Tecnologia e Inovação Ltda., registrada em outubro de 2023.

Outra suspeita foi o intervalo de mais de três anos entre a data registrada da eleição, em 7 de dezembro de 2021, e o reconhecimento da ata em cartório, feito apenas em abril deste ano. Durante esse período, o Sindtav deixou de participar de deliberações da própria Fecomércio-BA por não apresentar comprovação de sua diretoria regularizada.

A denúncia também questiona a participação de três funcionárias da Fecomércio-BA na mesa eleitoral, identificados como Jacqueline da Silva Dória, Cláudia Andrade Moura e Marta Lima Lobo. Segundo o relato, seria improvável que colaboradoras da instituição atuassem na eleição de um sindicato sem ciência ou autorização da direção, reforçando a suspeita de envolvimento da gestão vigente à época.

Em nota enviada ao portal MundoBA, a Fecomércio-BA afirmou que os fatos mencionados se referem exclusivamente ao período da gestão anterior (2018–2022) e que o apoio institucional a eleições de sindicatos filiados era uma prática comum. A entidade diz que o Sindtav recuperou sua regularidade apenas após entregar toda a documentação exigida e ressalta que as atas foram registradas em cartório, presumindo-se válidas. A Federação declara ainda que respeita e apoia qualquer investigação que contribua para o esclarecimento dos fatos.