ARTIGO


Bahia, líder de empresas inovadoras no Nordeste

Artigo de Sócrates Gomes Pereira Bittencourt Santana, jornalista, conselheiro do Parque Tecnológico da Bahia e diretor de Inovação e Competividade da SECTI

Foto: Divulgação

 

Há números que não são apenas números, são sinais: 356 empresas ativas. É disso que se fala quando se fala da Bahia no Inova Simples, esse regime que a lei brasileira inventou para que os que sonham pudessem, enfim, formalizar os seus sonhos. Em outras partes do Nordeste, os números são menores — 300 em Pernambuco, 244 no Piauí, 199 no Rio Grande do Norte, 86 no Ceará. Na soma de todos, uma constatação: a Bahia lidera. E lidera não por acaso, mas porque há mãos que semeiam, há instituições que se debruçam, há uma vontade coletiva que faz da palavra inovação mais do que discurso: faz dela prática.

O Inova Simples nasceu para reduzir a burocracia. CNPJ imediato, processos online, prioridade na fila das patentes. É como abrir portas antes emperradas, permitindo que ideias passem com mais naturalidade. O resultado é visível: mais de vinte mil postos de trabalho diretos e indiretos criados por empresas de base tecnológica no estado. E se é verdade que estatísticas são frias, não menos verdade é que atrás de cada número há um rosto, uma história, uma família sustentada por aquilo que antes era apenas uma ideia na cabeça de um jovem engenheiro, de uma pesquisadora, de uma empreendedora do interior.

Mas não se deve confundir sorte com planejamento. O crescimento da Bahia no Inova Simples é efeito direto de políticas públicas. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, a Fapesb, a Junta Comercial da Bahia e o Sebrae atuaram em conjunto, cada qual cumprindo o seu papel: reduzir entraves, estimular a formalização, atrair investimentos. A engrenagem funciona porque há combustível, e esse combustível chama-se fomento.

De 2024 a 2025, mais de R$ 23,9 milhões foram injetados no ecossistema de inovação pela Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (FAPESB). Recursos destinados não ao abstrato, mas a 206 empresas concretas. Se somarmos desde 2019, a conta chega a R$ 41,2 milhões e 276 empresas beneficiadas. Editais como o Tecnova III, com R$ 13,4 milhões, ou o Programa Startup Nordeste – Bahia, com R$ 3,12 milhões em bolsas para 80 empresas, mostram a robustez dessa política. O Azeviche, voltado para povos e comunidades tradicionais, levou R$ 3,3 milhões a 41 empreendimentos. O Inventiva II, R$ 3,3 milhões para 40 empresas lideradas por mulheres. O Inova Cerrado, R$ 780 mil para 20 negócios em bioeconomia. E poderíamos ainda citar o ICT Empresa Competitiva, o Centelha Bahia, o Governo Inteligente. Cada edital é uma porta aberta, cada cifra é uma semente.

O efeito é multiplicador. Startups formalizadas com o apoio desses programas tendem a sobreviver mais, a escalar mais rápido, a contratar mais gente. É por isso que em 2025, apenas neste ano, 168 novas empresas surgiram na Bahia sob o guarda-chuva do Inova Simples. É por isso que no ranking nacional a Bahia ocupa a 7ª posição, mas entre os estados do Nordeste, está sozinha na dianteira. No Brasil, a Bahia está atrás do Rio Grande do Sul com 407 empresas ativas e Santa Catarina com 391.

Há quem diga que inovar é simplesmente aumentar a eficiência e produtividade de empresas e negócios. Talvez seja mais do que isso. Inovar é criar as condições para que o bem estar floresça. O Inova Simples, aliado aos editais da FAPESB, é a prova de que quando o Estado investe, quando o governo se organiza em torno de um projeto claro, quando há visão de futuro, o presente se transforma.

E se os números são a prova, a celebração vem a seguir. No próximo dia 2 de outubro, no Centro de Convenções de Salvador, a Bahia abre as portas para o Bahia Tech Experience (BTX), o maior evento de startups do Nordeste. Não será apenas uma feira, nem apenas um encontro. Será o reflexo de uma caminhada, a mostra viva de que a Bahia sabe, pode e quer ser protagonista em inovação. Ali estarão empreendedores, investidores, pesquisadores, curiosos e sonhadores. Ali se verá que liderança não é ponto de chegada, mas de partida.

A Bahia lidera hoje no Inova Simples, mas mais do que isso: lidera na crença de que a inovação é o caminho para o desenvolvimento. E se há algo que esta terra aprendeu ao longo da sua história é que liderar, quando se trata de futuro, significa abrir espaço para que todos caminhem juntos.