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Tarifaço de Trump pode transformar tigelas de açaí em ‘itens de luxo’ para norte-americanos

Quase toda a polpa consumida em cidades como Nova York e Los Angeles é importada do Brasil

Foto: Reprodução/Freepik

A partir da próxima sexta-feira (1º), a tarifa de 50% sobre importações brasileiras, imposta pelo governo Donald Trump, pode encarecer um dos produtos mais populares entre consumidores dos Estados Unidos: as tigelas e smoothies de açaí.

Quase toda a polpa consumida em cidades como Nova York e Los Angeles é importada do Brasil, principal exportador mundial do fruto amazônico. Sem acordo comercial entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o aumento pode elevar o preço final em centenas de lojas.

“Os clientes já reclamam um pouco do preço. Se subir mais, pode virar um item de luxo”, afirmou Ashley Ibarra, gerente de uma unidade da Playa Bowls em Manhattan, à agência Reuters. A rede, com sede em Nova Jersey e cerca de 300 lojas no país, cobra cerca de US$ 18 por uma tigela de açaí com banana e granola. Na concorrente Oakberry, que tem 700 unidades em 35 países, as porções menores custam US$ 13.

As tarifas também atingem outros produtos brasileiros amplamente consumidos nos EUA, como café, suco de laranja e carne bovina. O Brasil responde por cerca de um terço do café comprado pelos americanos.

Produção e exportação em risco

A produção de açaí no Brasil saltou de 150 mil toneladas há dez anos para quase 2 milhões em 2023, segundo IBGE e governos do Pará e Amazonas. Os EUA são hoje o maior mercado externo, seguidos por Europa e Japão. Com a pressão nos custos, empresas estudam redirecionar exportações para outros mercados.

Produtores temem que não consigam reduzir preços para compensar a nova tarifa. “No momento, ainda não sabemos como fazer. Os números não batem”, disse Nazareno Alves da Silva, presidente da Associação dos Produtores de Açaí da Amazônia, no Pará.