POLÍTICA


Governo Lula adota cautela após Trump sinalizar possibilidade de conversa

Segundo diplomatas brasileiros, ligação entre chefes de Estado não ocorre de forma improvisada

Fotomontagem: Valter Campanato/Agência Brasil e Shealah Craighead/White House

A semana começa sob expectativa de uma possível conversa direta entre o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mandatário norte-americano, Donald Trump. Na última sexta-feira (1º), o estadunidense afirmou que Lula pode “ligar quando quiser”, em resposta à repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo.

O gesto, no entanto, conforme o G1, foi recebido com cautela pelo Palácio do Itamaraty, que avalia se há, de fato, uma abertura concreta para diálogo entre os dois líderes. Segundo diplomatas brasileiros, uma ligação entre chefes de Estado não ocorre de forma improvisada: requer preparação prévia entre equipes, definição de pauta e alinhamento diplomático de tom.

A sinalização de Trump ocorre em meio a uma escalada nas tensões entre os dois países. Na última quarta-feira (30), o governo norte-americano impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — medida considerada protecionista e que atingiu setores estratégicos da economia nacional. No mesmo dia, Trump sancionou, com base na chamada Lei Magnitsky, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Durante evento do PT neste domingo (3), Lula comentou a tensão diplomática, afirmando que é preciso agir com prudência nas tratativas com os Estados Unidos. “Nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que devo falar. Eu tenho que falar o que é possível falar”, disse.

O presidente afirmou ainda que o Brasil não busca confronto, mas não aceitará imposições. “Nós não queremos confusão. Então, quem quiser confusão conosco, pode saber que nós não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo. Não pensem”, afirmou. Sem citar diretamente Trump, o petista disse que a postura do Brasil em defesa da soberania nacional incomoda “pessoas que acham que mandam no mundo”.

Apesar do tom, Lula reiterou que os canais de negociação seguem abertos. “Nós vamos ajudar as nossas empresas, vamos defender os nossos trabalhadores e vamos dizer o seguinte: quando quiserem negociar, as propostas estão na mesa”, declarou.