SAÚDE


Convênio médico é criticado por indicar clínica paliativa a paciente com obesidade grave

Justiça determinou internação em unidade especializada, mas operadora sugeriu clínica voltada a cuidados terminais

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (CASSI) está sendo questionada após indicar uma clínica especializada em cuidados paliativos como destino de internação para uma paciente com obesidade grave e múltiplas comorbidades. A decisão vai de encontro a uma liminar judicial que determinava o custeio de tratamento específico e ativo para controle do quadro clínico da beneficiária, conforme recomendação médica.

A paciente, que é atendida pela CASSI desde 2018, foi diagnosticada com obesidade grau II (IMC 37,4) e apresenta diversas complicações associadas, como apneia do sono, hipertensão, transtornos psiquiátricos e limitações ortopédicas severas. Segundo laudo médico, o caso não é indicado para cirurgia bariátrica e requer internação em uma unidade especializada por pelo menos 110 dias, com acompanhamento de equipe multidisciplinar.

Apesar da prescrição, a operadora inicialmente negou o pedido de internação, alegando ausência de cobertura contratual. A negativa levou o caso à Justiça, que, em janeiro deste ano, concedeu liminar obrigando a CASSI a custear o tratamento completo, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00.

Para cumprir a decisão, a operadora indicou a Clínica Florence, em Salvador. No entanto, a unidade é amplamente reconhecida por sua atuação em cuidados paliativos, voltados a idosos e pacientes com doenças em estágio terminal, o que não condiz com a proposta de reabilitação funcional solicitada no caso da paciente. Documentos judiciais reforçam que a clínica atua com foco em pacientes com prognóstico reservado e sem perspectiva de reversão do quadro.

Em nova decisão, a Justiça considerou inadequada a indicação e determinou a transferência da paciente para a Clínica da Obesidade, em Camaçari (BA), que conta com estrutura e equipe compatíveis com o tratamento necessário.

O portal MundoBA entrou em contato com a CASSI solicitando um posicionamento oficial sobre o caso, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto.