ECONOMIA


Bancos injetam mais de US$ 385 bilhões na indústria de energia a carvão desde 2021

Estudo revela que instituições financeiras continuam a financiar setor de carvão, apesar de compromissos de descarbonização

Foto: Ministério de Minas e Energia

 

Nos últimos três anos, bancos de todo o mundo destinaram mais de US$ 385 bilhões para a indústria de energia a carvão, mesmo após compromissos firmados na cúpula climática COP26, em Glasgow, em 2021. Na ocasião, quase 200 governos se comprometeram a reduzir gradualmente o uso de carvão, e muitos dos principais bancos comerciais prometeram descarbonizar seus portfólios. No entanto, análises recentes de organizações sem fins lucrativos indicam que essas promessas não se materializaram em mudanças significativas nos fluxos financeiros.

A diretora de pesquisa financeira da Urgewald, Katrin Ganswindt, afirmou que as promessas feitas em Glasgow parecem não ter surtido efeito. O carvão, considerado a fonte de energia mais poluente do mundo, ainda é responsável por mais de um terço da eletricidade global, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Se as usinas de carvão continuarem operando no ritmo atual, o aquecimento global poderá ultrapassar a meta de 1,5ºC estabelecida no Acordo de Paris.

Os bancos chineses lideram o financiamento para o setor de carvão, com quase US$ 250 bilhões investidos entre 2022 e 2024, conforme relatado pela Urgewald. Em seguida, estão os bancos dos Estados Unidos, que alocaram pouco mais de US$ 50 bilhões no mesmo período, com destaque para instituições como Bank of America, JPMorgan Chase e Citigroup. Uma análise da Urgewald mostrou que o Jefferies Financial Group teve o portfólio de carvão com crescimento mais rápido, aumentando seu financiamento em quase 400% em três anos.

Apesar de algumas instituições financeiras terem iniciado ações para reduzir seu financiamento de carvão, a maioria ainda não possui um plano concreto para eliminar gradualmente o apoio ao setor até 2040, como recomendado pela AIE. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, somente 24 dos 99 maiores bancos globais têm estratégias para descontinuar o financiamento de carvão. A falta de compromisso efetivo e a reavaliação do papel do carvão no setor energético global continuam sendo desafios críticos para a mitigação das mudanças climáticas.