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Trabalhadores abrem mão de salário mais alto em troca de qualidade de vida, diz pesquisa

Estudos revelam que a busca por equilíbrio emocional e bem-estar tem levado profissionais a aceitar remunerações menores

Foto: Reprodução/Ilustrativo

 

A busca por qualidade de vida tem levado trabalhadores a rejeitar propostas de salários mais altos em troca de rotinas menos estressantes. Dados de uma pesquisa realizada por economistas do governo dos Estados Unidos indicam que 40% dos profissionais que mudaram de emprego entre 2020 e 2022 aceitaram salários menores. Ainda assim, relataram aumento na satisfação pessoal.

A tendência aponta para uma mudança de valores no mercado de trabalho. De acordo com levantamento encomendado pela Ford Motor Company, em 2023, cerca de 50% dos trabalhadores americanos estariam dispostos a reduzir seus rendimentos em até 20% para garantir uma rotina mais saudável e com mais tempo livre.

Segundo a neurocientista e psicanalista Ana Chaves, a percepção sobre sucesso profissional tem passado por transformações. “Fomos condicionados a associar realização à ascensão financeira. Mas, diante do aumento de casos de esgotamento e adoecimento emocional, muitas pessoas estão revendo suas prioridades. Dinheiro continua importante, mas não pode custar a saúde mental”, afirma.

Ana explica que ambientes de trabalho com excesso de metas, jornadas prolongadas e alta pressão comprometem funções cognitivas como memória, tomada de decisão e regulação emocional. “O retorno financeiro, em muitos casos, não compensa o impacto à saúde”, ressalta.

A discussão sobre o tema ganhou repercussão mundial em 2021, quando a ginasta Simone Biles, uma das principais atletas olímpicas da atualidade, desistiu de competir em provas durante as Olimpíadas de Tóquio para preservar sua saúde mental. A decisão foi vista como um marco no debate sobre produtividade e bem-estar, inclusive em ambientes de alta performance.

“A felicidade não está no acúmulo, mas no equilíbrio entre áreas da vida, como relações pessoais, descanso, lazer e autocuidado”, afirma Ana. “Cada vez mais profissionais têm feito escolhas menos lucrativas, mas emocionalmente sustentáveis.”