POLÍTICA


Planalto articula ‘superfederação’ de esquerda para fortalecer base rumo a 2026

Proposta foi discutida entre interlocutores do Planalto e lideranças de legendas como PCdoB, PV, PSB e PDT

Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

O Palácio do Planalto iniciou uma nova ofensiva para formar uma “superfederação” de esquerda, mirando a eleição de 2026 e a ampliação da base governista no Congresso. A ideia é unir, em uma aliança formal, partidos ideologicamente alinhados ao PT para garantir uma bancada mais coesa e numerosa no Legislativo, onde o governo Lula tem enfrentado dificuldades mesmo após o loteamento de ministérios ao Centrão.

De acordo com o Metrópoles, a proposta foi discutida na última terça-feira (1º) entre interlocutores do Planalto e lideranças de legendas como PCdoB e PV — que já integram federação com o PT — e de partidos como PSB e PDT. A recepção inicial foi cautelosa: os dirigentes ouviram a proposta, mas demonstraram pouco entusiasmo.

No caso do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, a resistência passa pela perda de protagonismo que uma federação com o PT poderia representar. Com 14 deputados federais, os socialistas temem ser engolidos pelo maior número de parlamentares petistas e perder influência nas decisões internas. Além disso, o PSB já tem negociações avançadas com o Cidadania para a formação de uma federação própria, cujo anúncio é aguardado para breve.

Já com o PDT, o distanciamento é ainda maior, tanto político quanto ideológico. A legenda, que vinha se afastando da esquerda e flertando com setores do Centrão, rompeu com o governo após a saída de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência. A demissão ocorreu em meio ao escândalo de irregularidades no INSS e consolidou o distanciamento da bancada pedetista da base de apoio de Lula.

A aposta do Planalto na “superfederação” surge como alternativa à base instável no Congresso, onde o governo sofreu reveses recentes, como a suspensão do aumento do IOF e a aprovação de medidas que podem elevar a conta de luz. Em resposta a essas derrotas, o Executivo acionou o Supremo Tribunal Federal (STF), acirrando a tensão entre os Poderes.