POLÍTICA


Lula vê queda do IOF como movimento da centro-direita para enfraquecer governo rumo a 2026

Dentro do Planalto, no entanto, há divergências sobre qual deve ser a resposta institucional à derrota no Congresso

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso, na última quarta-feira (25), representa o sinal mais contundente de que a centro-direita articula um movimento para enfraquecer o governo visando a disputa presidencial de 2026. No entanto, dentro do Planalto, há divergências sobre qual deve ser a resposta institucional à derrota.

De um lado, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) defendem que a Advocacia-Geral da União (AGU) entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando inconstitucionalidade do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) aprovado pelo Congresso.

Na outra ponta, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, se opõe à judicialização imediata. Ele teme que acionar o STF seja interpretado como uma declaração de guerra ao Congresso, o que poderia levar a novas derrotas legislativas para o Planalto em votações futuras.

Bastidores da articulação

Segundo o Estadão, a ofensiva contra o decreto que aumentava o IOF partiu do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em articulação direta com Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão Mista de Orçamento e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O anúncio de que o projeto seria votado foi feito por Motta no X (antigo Twitter), às 23h35 da terça-feira (24), surpreendendo o governo.

A derrota foi lida como um recado explícito do Legislativo sobre o desgaste nas relações com o Planalto, especialmente por conta do atraso no pagamento das emendas parlamentares — tema sensível que há meses tensiona os bastidores em Brasília.

Gleisi Hoffmann nega que haja retenção deliberada de recursos por parte do governo. Para rebater as críticas, ela chegou a divulgar uma tabela comparativa, destacando que a execução das emendas em 2025 estaria mais acelerada do que nos anos anteriores.

Mesmo assim, parlamentares seguem insatisfeitos. Eles também desconfiam de uma suposta aliança entre o presidente Lula e o ministro do STF Flávio Dino, relator de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que investiga irregularidades na destinação das emendas. Dino, que foi ministro da Justiça no atual governo, comandou na sexta-feira (27) uma audiência pública sobre o tema, mas Alcolumbre e Motta, convidados a participar, declinaram da presença e enviaram representantes.