POLÍTICA


Deputado Félix Jr., assessor e prefeitos são alvo da 4ª fase da Overclean

Embora a PF não tenha realizado buscas contra o parlamentar, ele é oficialmente investigado no caso; assessoria do político nega envolvimento dele em desvio de emendas

Foto: Polícia Federal

 

O deputado federal Félix de Almeida Mendonça Júnior (PDT-BA), dois prefeitos e um ex-prefeito do interior da Bahia são alvo da 4ª fase da operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (27). A ação investiga o desvio de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares.

Segundo apurou o MundoBA, Humberto Raimundo (PT), prefeito de Ibipitanga, e Alan Machado (PSB), prefeito de Boquira, foram afastados cautelarmente de seus cargos por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). O ex-chefe do Executivo de Paratinga, Marcel José Carneiro (PT), pré-candidato a deputado estadual, foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Agentes da PF apreenderam dinheiro em espécie na casa dele.

As diligências também ocorrem no bairro do Comércio, em Salvador, e na cidade de Camaçari, região metropolitana.

De acordo com a investigação, há indícios de que o assessor parlamentar Marcelo Chaves Gomes, que trabalha no gabinete do deputado, seria o operador do esquema de desvios de emendas.

Em nota, a assessoria de Félix Jr. negou que ele ou qualquer assessor de seu gabinete tenham cometido irregularidade no envio de emendas parlamentares para municípios baianos, sejam os citados na operação ou qualquer outro. A reportagem tenta contato com as defesas dos demais mencionados pela PF.

“O deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT) foi surpreendido ao ser apontado como alvo de uma nova etapa da Operação Overclean, deflagrada nesta sexta-feira (27) pela Polícia Federal”, diz o comunicado. “Félix Mendonça, que sempre atuou na vida pública com correção, ética e seriedade, está colaborando com as investigações para que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos o mais rápido possível.”

As ordens judiciais da nova etapa da Overclean foram autorizadas pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O núcleo investigado é suspeito de atuar na liberação de emendas parlamentares destinadas aos municípios baianos de Boquira, Ibipitanga e Paratinga, no período de 2021 a 2024, mediante pagamento de vantagem indevida, além de atuar na manipulação de procedimentos licitatórios.

Os crimes apurados incluem integrar organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos administrativos e lavagem de dinheiro.

Overclean

A Operação Overclean foi deflagrada pela primeira vez em 10 de dezembro de 2024 pela PF, pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Receita Federal do Brasil (RFB) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), com apoio da agência americana Homeland Security Investigations (HSI).

O principal alvo na ocasião foi o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do lixo”, que atua no setor de coleta e possui cargos de liderança no União Brasil. Moura é apontado como elo político do grupo criminoso e chegou a ser preso.

Durante as buscas, os investigadores encontraram em seu cofre uma escritura de compra e venda de imóvel envolvendo o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), citado na investigação, mas que nega qualquer envolvimento.

Uma planilha apreendida na primeira fase revelou um esquema que, segundo a PF, movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos suspeitos. Ao menos 100 pessoas já foram identificadas nas investigações, muitas delas listadas por codinomes.

Entre os alvos da fase inicial estavam o vereador de Campo Formoso (BA), Francisquinho Nascimento (União), primo do deputado Elmar Nascimento, e o ex-chefe do Dnocs na Bahia, Lucas Lobão. Também foram presos empresários com contratos ativos com prefeituras da região.

Durante os mandados, a PF apreendeu mais de R$ 1 milhão em dinheiro. Parte do valor foi jogada por uma janela pelo vereador Francisquinho, mas acabou recuperada pelos policiais. Além disso, uma outra planilha com contratos e valores de mais de R$ 200 milhões foi localizada, incluindo acordos nos estados do Rio de Janeiro e Amapá.

Segundo a CGU, apenas em 2024, o grupo celebrou contratos que somam R$ 825 milhões, com indícios de superfaturamento de pelo menos R$ 8 milhões em contratos com o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).

Todos os investigados, incluindo Elmar Nascimento, negam irregularidades. À época, em nota, a prefeitura de Campo Formoso declarou que “conduz suas contratações dentro das melhores práticas”.