JUSTIÇA


Bolsonaro nega ter recebido voz de prisão de ex-comandante do Exército

Ex-presidente desmente ex-comandante da Aeronáutica em depoimento sobre tentativa de golpe em 2022

Foto: Fellipe Sampaio/STF

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro refutou nesta terça-feira (10) a alegação de ter recebido voz de prisão do ex-comandante do Exército, Freire Gomes, durante uma reunião com os comandantes das Forças Armadas em 2022. O encontro visava apresentar estudos sobre a adesão das tropas a uma tentativa de golpe. A declaração de Bolsonaro foi uma resposta ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o interrogatório da ação penal relacionada à trama golpista que buscava reverter o resultado das eleições de 2022.

Bolsonaro contradisse o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, que participou do encontro e havia prestado essa informação em depoimento à Polícia Federal. As investigações da PF serviram de base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os envolvidos. “As Forças Armadas sempre primaram pela disciplina e hierarquia. Aquilo falado pelo brigadeiro Baptista Júnior não procede, tanto é que foi desmentido pelo próprio comandante do Exército. Se dependesse de alguém diferente para levar avante um plano ridículo desse, eu teria trocado o comandante da Aeronáutica”, afirmou Bolsonaro.

No mês passado, o general Marco Antônio Freire Gomes, ao prestar depoimento como testemunha, negou ter dado voz de prisão a Bolsonaro. “Não aconteceu isso [voz de prisão], de forma alguma. Eu alertei ao presidente que se ele saísse dos aspectos jurídicos, além de não concordarmos com isso, ele seria implicado juridicamente”, afirmou Gomes. No entanto, o ex-comandante da Aeronáutica confirmou em seu depoimento que houve uma ameaça de prisão durante a reunião.

O relator da ação penal, Alexandre de Moraes, ainda irá interrogar oito réus acusados de integrar o “núcleo crucial” da tentativa de golpe. As oitivas devem continuar até a próxima sexta-feira (13). O julgamento, que decidirá pela condenação ou absolvição de Bolsonaro e dos demais réus, está previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano. Caso sejam condenados, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão, segundo informações da Agência Brasil.