JUSTIÇA


Em depoimento, Bolsonaro nega ter pressionado ministro por relatório contra urnas

Versão do ex-presidente contradiz relato dado pelo seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou enfaticamente, nesta terça-feira (10), ter pressionado o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para que as Forças Armadas produzissem um relatório crítico às urnas eletrônicas. O depoimento ocorreu na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde Bolsonaro figura como o sexto réu a prestar esclarecimentos no processo sobre a tentativa de golpe de Estado.

Segundo apuração da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente teria encabeçado uma organização que visava mantê-lo no poder por meio de ações fraudulentas. Em seu depoimento, Bolsonaro negou qualquer pressão sobre o ministro Nogueira, em outubro de 2022, destacando que não solicitou um relatório desfavorável ao sistema de votação eletrônico. No entanto, sua declaração diverge do depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que afirmou que Bolsonaro buscou um documento “duro” contra as urnas.

O relatório das Forças Armadas, apresentado em 2022, não encontrou fraudes no sistema eleitoral, mas mencionou a possibilidade de falhas, sem evidências concretas. A segurança do voto eletrônico é atestada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Polícia Federal e outras entidades. Cid confirmou que, por pressão de Bolsonaro, uma reunião para entregar o relatório ao TSE foi desmarcada. A influência de Bolsonaro no conteúdo do relatório é vista pela PGR como parte de uma estratégia para descredibilizar as eleições e justificar uma intervenção militar.

Desde 2021, Bolsonaro questiona a confiabilidade das urnas sem apresentar provas. Após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva, ele teria buscado apoio das Forças Armadas para semear desconfiança sobre o processo eleitoral. O relatório ajustado, sem evidências de fraude, foi utilizado para mobilizar apoiadores e incentivar protestos golpistas. As informações foram divulgadas pelo g1, com base em depoimentos e documentos oficiais.