BRASIL


Jovens e mulheres puxam aumento de evangélicos no país, aponta IBGE

Entre 2010 e 2022 foi a religião que mais cresceu na população

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os evangélicos foram o grupo religioso que mais cresceu no Brasil entre 2010 e 2022, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo IBGE. Em 2010, eles representavam 21,6% da população brasileira com 10 anos ou mais. Doze anos depois, esse percentual subiu para 26,9%, revelando uma mudança significativa na composição religiosa do país. O crescimento ocorre principalmente entre jovens e mulheres, segundo o levantamento.

Na faixa etária entre 10 e 14 anos, 31,6% dos entrevistados se declararam evangélicos. De acordo com a professora Christina Vital, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista em religião, essa adesão juvenil tem sido impulsionada por uma série de estratégias adotadas pelas igrejas.

Ela destaca que as liturgias evangélicas vêm se adaptando às linguagens e estéticas que dialogam com o interesse dos jovens, além de oferecerem perspectivas de mobilidade social e pertencimento. Vital explica que os jovens, muitas vezes críticos em relação ao Estado, veem nas igrejas um caminho e uma expectativa de futuro, ainda que baseada na lógica do mérito pessoal.

Entre as mulheres, a adesão ao universo religioso também é marcante. Embora ainda sejam maioria entre os católicos (51%), as mulheres evangélicas já representam 55,4% dos fiéis do segmento — uma proporção superior à participação feminina na população brasileira, que é de 51,8%.

No espiritismo, o percentual de mulheres é ainda maior, chegando a 60,6%. Para Christina Vital, esse padrão se explica pela importância que a religião tem na formação de redes de apoio e proteção social, além da ligação direta com os níveis de escolaridade. Segundo ela, as mulheres tendem a aderir mais às estruturas religiosas por causa da sociabilidade que encontram nesses espaços e pelo papel que desempenham na construção de comunidades.