BRASIL


Fabricantes acusam multinacionais de práticas predatórias no mercado de sorvetes

Abrasorvete afirma que Unilever e Froneri vendem produtos abaixo do custo e impõem contratos de exclusividade, prejudicando produtores locais e a livre concorrência no Brasil

Foto: Freepik

 

A associação brasileira de fabricantes de sorvete afirmou na última quinta-feira (18) que as multinacionais Unilever e Froneri, joint-venture da Nestlé, estão promovendo práticas comerciais “predatórias” no setor do produto no Brasil. Eles alegam que os concorrentes estão com preços abaixo do custo de produção e contratos de exclusividade com varejistas.

“Quando uma multinacional vende um pote de sorvete por um valor que mal paga a matéria-prima e a logística, ela não está competindo, ela está sufocando o mercado para reinar sozinha depois […] O que estamos vendo são gigantes globais praticando preços que fogem a qualquer lógica de custo industrial”, afirmou Martin Eckhardt, presidente da Abrasorvete.

De acordo com a associação, produtores locais de sorvete nos estados do Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo formalizaram queixas detalhadas e cobraram uma intervenção urgente. Eles apontam casos em que potes de 1,5 litro estão sendo comercializados em supermercados por valores inferiores a R$ 9, preço que seria até três vezes menor do que o praticado pelo mercado.

A entidade informou que encaminhou solicitações de diálogos para as empresas no dia 3 de dezembro, mas que não obteve respostas. Eles não descartam recorrer à Justiça.

“Recebemos relatos constantes de associados que são impedidos de vender seus produtos ou até de realizar eventos em locais públicos devido à travas contratuais impostas por essas companhias”, disse Eckhardt. “Há relatos de pagamentos diretos (luvas) de até R$ 20 mil para pequenos estabelecimentos, como padarias, apenas para garantir a exclusividade do equipamento e retirar a concorrência local”, acrescentou.