POLÍTICA


Haddad planeja deixar a Fazenda até fevereiro e admite ajustes no arcabouço fiscal

Ministro diz que não pretende disputar eleições em 2026, confirma conversa com o presidente e sinaliza mudanças nos parâmetros da regra fiscal

Foto: Lula Marques/ Agência Braasil

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (18) que pretende deixar o comando da pasta até fevereiro de 2026 para colaborar com a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração foi feita durante um encontro de fim de ano com jornalistas em Brasília, e ocorre em meio às articulações políticas para o próximo ciclo eleitoral.

Segundo Haddad, a atuação direta na campanha é incompatível com a função de ministro, o que motivou a conversa com Lula. Ele afirmou que não tem intenção de concorrer a cargos eletivos em 2026 e que o presidente concordou em respeitar sua decisão. O ministro indicou que a transição deve ocorrer até fevereiro, para permitir que o novo titular conduza os ajustes orçamentários de 2026 e a elaboração da LDO de 2027.

“Manifestei o desejo de colaborar com a campanha do presidente Lula, e isso é incompatível com ser ministro da Fazenda. Conversei com o presidente que, se meu pleito for atendido, uma troca de comando aqui seria importante. Como não tem descompatibilização, nesses termos vou conversar com ele em janeiro. Se puder colaborar com a campanha, eu vou”, disse o ministro.

Durante a conversa, Haddad também admitiu que a jornada de trabalho 6×1 pode entrar no debate eleitoral, ressaltando que o tema deve partir da sociedade e do Congresso, e não necessariamente do Executivo. Ele destacou que já existem setores com jornadas reduzidas e que a discussão tende a ganhar força no cenário político. 

“Existe um debate no Congresso sobre a escala 6×1. O presidente é simpático à tese, e deixou claro que não entende que isso seja uma iniciativa do Executivo. Tem que ser um pleito da sociedade, com os empresários. Há muitos setores em que a jornada já é 40 horas. Tem uma ou outra atividade que ainda não”, pontuou.

No campo econômico, o ministro defendeu a continuidade das reformas de gastos e reconheceu a possibilidade de “ajustes nos parâmetros” do arcabouço fiscal, como mudanças nos limites de crescimento das despesas. Apesar disso, afirmou que a arquitetura da regra é sólida e descartou a adoção de um teto para dívida pública, avaliando a proposta como pouco viável no atual contexto.