ECONOMIA


Comércio varejista da Bahia recua 0,6% em outubro, mas mantém ritmo de crescimento acima do nacional

No acumulado de 2025, Bahia e Brasil seguem com avanços próximos, de 1,6% e 1,5%, respectivamente

Foto: Jean Vagner/SEI

 

As vendas do comércio varejista baiano recuaram 0,6% em outubro de 2025, interrompendo a sequência de resultados positivos e ficando abaixo do índice nacional, que avançou 0,5% no mesmo período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), vinculada à Secretaria do Planejamento.

Mesmo com o desempenho negativo na comparação com o mês imediatamente anterior, o estado manteve trajetória de expansão ao registrar alta de 3,4% frente a outubro de 2024, movimento que se repete pelo sétimo mês consecutivo e permanece acima do crescimento nacional, de 1,1%. No acumulado de 2025, Bahia e Brasil seguem com avanços próximos, de 1,6% e 1,5%, respectivamente.

O recuo das vendas no sazonal pode ser atribuído a fatores como a elevada taxa de juros e os altos níveis de endividamento e inadimplência das famílias, que continuam limitando o consumo. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ambos os indicadores registraram recorde histórico no mês. O percentual de famílias endividadas segue em alta, alcançando 79,5%, o maior nível da série. A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também da CNC, reforça o cenário ao apontar recuo pelo terceiro mês seguido (-0,5%), já descontados os efeitos sazonais.

Na comparação com o ano anterior, o crescimento das vendas está associado à melhora na expectativa do consumidor, sustentada por um mercado de trabalho aquecido e pelo recente alívio inflacionário. Segundo a Fundação Getulio Vargas, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE avançou 1,0 ponto, chegando a 88,5 pontos. O resultado mensal pode indicar uma lenta recuperação do setor, especialmente em um período marcado por estímulos adicionais, como Black Friday e festas de fim de ano.

A análise por atividades mostra que o avanço observado ante 2024 foi novamente impulsionado pelos segmentos de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,2%); Combustíveis e lubrificantes (6,4%); e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,9%). Com exceção de Combustíveis e lubrificantes, que enfrentaram limitações de consumo devido à pressão dos preços, todos os demais foram beneficiados pela desaceleração inflacionária e pelo aumento do emprego.

No comércio varejista ampliado, que engloba o varejo restrito e as atividades de Veículos, motocicletas, partes e peças; Material de construção; e Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, as vendas permaneceram praticamente estáveis (-0,2%) em relação a setembro. Já na comparação com outubro de 2024, houve crescimento de 0,6%, desempenho que ainda não foi suficiente para alterar a trajetória negativa do acumulado do ano (-0,9%).

Ainda nessa base de comparação, o resultado do ampliado foi influenciado positivamente pela atividade de Material de construção (4,6%), impulsionada pela deflação registrada nos preços de produtos do segmento.