POLÍTICA


‘Medida casuística para agradar extrema direita’, diz deputado sobre PL da Dosimetria

Zé Neto lamenta articulação que levou à aprovação da proposta e vê tratamento desigual após ação contra Glauber Braga

Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

 

O deputado federal Zé Neto (PT-BA) reagiu nesta quarta-feira (10) à aprovação do projeto que pode reduzir drasticamente as penas dos condenados pelos atos do 8 de Janeiro, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, o movimento foi uma “medida casuística”, articulada pela extrema direita e viabilizada pela mesa da Casa em pleno final de ano legislativo.

“A gente vê uma oposição todo o tempo trabalhando com o foco absoluto na eleição do processo eleitoral. Tanto que essa medida que foi tomada ontem, numa articulação política que passou pela mesa da Câmara, foi buscando facilitar a vida da extrema direita e atendendo a um reclame da família do ex-presidente que está preso”, afirmou o parlamentar em entrevista ao MundoBA.

Para o deputado, a decisão ocorre em um momento em que o país deveria estar discutindo investimentos e temas estruturais. “É uma coisa casuística. Nesse fim de ano tão importante para o nosso país, que disputa no mundo um espaço global, sua capacidade de competir, de ajustar a vida da população que precisa de melhorias na qualidade de vida, mais investimentos, mais infraestrutura, mais saúde, mais educação, mais segurança pública. Esses temas foram abandonados para tratar ontem, de forma prioritária, de uma espécie de subterfúgio criado para, no final, fazer uma iniciativa branda àqueles que tentaram destruir a própria Câmara, o próprio Senado, a Justiça e o Poder Executivo”.

Zé Neto classificou a votação como “um momento de tristeza” e “uma página que o Brasil não merecia”.

Ao comentar o episódio que envolveu o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), retirado à força do plenário após um ato de protesto, Zé Neto acusou a direção da Casa de agir com parcialidade. “Sobre todo acontecimento de uso de força indevida, inclusive com relação à retirada da força do deputado Braga, na verdade são dois pesos e duas medidas diferentes. A imparcialidade foi tomada total, total. A extrema direita, há poucos dias, ocupou a mesa da Casa, impedindo o funcionamento por praticamente três sessões, três dias seguidos do Legislativo nacional, e foi tratada com toda tranquilidade, sem nenhuma ofensa”.

O parlamentar aproveitou para criticar o esvaziamento do plenário e episódios de hostilidade durante a cobertura jornalística. “Esvaziaram o plenário e, depois disso, houve certa truculência com relação a alguns repórteres que estavam cobrindo os acontecimentos. Infelizmente, é uma página negativa escrita no Legislativo brasileiro. É uma tristeza saber que no mesmo Legislativo que teve o anúncio da Constituição de 88, a gente viu ontem um momento de tristeza e de proteção até aqueles que, há dois anos atrás, tentaram destruir não só o patrimônio, mas a instituição da Câmara no 8 de janeiro”, concluiu.