BRASIL


Arsenal criminoso ficou mais forte após decretos pró-armas de Bolsonaro

Levantamento do Instituto Sou da Paz analisou 255,9 mil apreensões na região Sudeste entre 2018 e 2023; fuzis e 9 mm aumentam

Foto: Reprodução/Instagram/Jair Bolsonaro

A flexibilização das regras de acesso a armas durante o governo Jair Bolsonaro (PL) mudou o perfil do armamento apreendido pelas polícias no Sudeste e acelerou a modernização do arsenal criminoso, aponta estudo do Instituto Sou da Paz.

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o relatório “Arsenal do Crime: Análise do perfil das armas de fogo apreendidas no Sudeste” analisou 255,9 mil apreensões feitas pelas polícias estaduais e pela Polícia Federal entre 2018 e 2023, com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Segundo o estudo, as apreensões vinham em queda desde o Estatuto do Desarmamento, mas voltaram a subir em 2023: foram 37.994 registros, ante 36.370 em 2022.

A pesquisa identifica como marco a norma editada por Bolsonaro em maio de 2019, que facilitou a compra de pistolas 9 mm. Esses modelos passaram de 28,5% das pistolas apreendidas em 2018 para 50,5% em 2023 — antes, eram de uso restrito das forças de segurança. Lula (PT) revogou as regras ao assumir o governo e classificou os decretos como “criminosos”.

A modernização do arsenal clandestino também aparece na queda proporcional dos revólveres, que passaram de 42,2% das apreensões em 2018 para 37,6% em 2023. No mesmo período, a fatia das pistolas, em geral, subiu de 25,1% para 35,9%.

Em São Paulo o movimento se repete. A participação das pistolas nas apreensões subiu de 25,6% para 33,4%, enquanto os revólveres recuaram de 47,4% para 43,5%. As armas 9 mm tiveram aumento expressivo: de 8,4% das pistolas apreendidas em 2018 para 37,2% em 2023 — salto de 273 para 1.305 registros.

Bolsonaro está preso na Superintendência da PF em Brasília, condenado no processo da trama golpista.