POLÍTICA


STF aponta indícios de organização criminosa envolvendo deputados do Rio

Decisão de Alexandre de Moraes cita possível atuação para obstruir investigações sobre facções criminosas envolvendo Bacellar e TH Joias

Foto: Thiago Lontra/Alerj

 

Em decisão que resultou na prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou haver “fortes indícios” de que Bacellar integra um organização criminosa voltada a obstruir investigações sobre facções no estado. A determinação também afastou o deputado do comando da Alerj.

Segundo trechos da decisão, Bacellar teria atuado para interferir em apurações envolvendo o Comando Vermelho e outras ações contra o crime organizado, inclusive exercendo influência no Poder Executivo estadual. Ele foi preso na manhã desta quarta-feira (3) por suspeita de tentar barrar avanços da Operação Zargun, que tinha como principal alvo o deputado Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias (MDB).

TH Joias, preso em setembro, já era investigado por ligações com facções criminosas desde 2017. A Polícia Federal afirma que Bacellar o avisou sobre ações policiais e chegou a orientá-lo a destruir provas. Em mensagens obtidas pela investigação, TH se refere a Bacellar como “01” ao informar a troca de número de telefone, diálogo que reforçou, segundo a PF, a suspeita de coordenação entre os dois.

No relatório da corporação, os investigadores descrevem uma “teia de interações escusas” entre agentes públicos e criminosos, falando até em um “estado paralelo” sustentado por políticos que repassariam informações sigilosas capazes de comprometer operações relevantes contra facções violentas no Rio de Janeiro.

Moraes também destacou a crescente infiltração de organizações criminosas em estruturas políticas nos últimos anos, incluindo câmaras municipais, a própria Alerj e órgãos federais.