ECONOMIA


Ibovespa atinge históricos 160 mil pontos

Na reta final do ano, os investidores mantêm concentração na política monetária brasileira e americana

Reprodução/Freepik

 

O ano está terminando, mas o ânimo que seguiu o Ibovespa ao longo de 2025 se continua, fazendo com que o índice atinja novas máximas. O benchmark da Bolsa avançava nesta terça-feira (2), ultrapassando os 160 mil pontos pela primeira vez na sua história, em movimento endossado pelo viés positivo de praças acionárias no exterior. Por volta de 11h10 (horário de Brasília), o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 1,15%, a 1160.430 pontos. A informação é do site InfoMoney.

Nesta reta final do ano, os investidores mantêm concentração na política monetária brasileira e americana, em meio a decisões sobre juros neste mês, em dia de agenda esvaziada internacionalmente.

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) estão em período de silêncio que precede sua próxima decisão de juros, marcada para quarta-feira que vem, no mesmo dia da definição do Comitê de Política Monetária (Copom).

Além da aposta de queda dos juros nos Estados Unidos na semana que vem e manutenção da Selic em 15% ao ano, mas início do recuo em 2026, há o fator político, como destaca Felipe Cima, analista da Manchester Investimentos.

Segundo Cima, havia uma certa apreensão no mercado dada a recuperação da popularidade de Lula em levantamentos passados e alguma desarticulação da direita. “O governo vinha ganhando terreno e agora uma reeleição pode ficar um pouco mais incerta”, diz o analista da Manchester, sugerindo que o mercado é favorável a uma mudança presidencial que foque em alteração, melhoria do quadro fiscal.

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Ainda em destaque no noticiário, o líder russo, Vladimir Putin, recebe nesta terça-feira o principal negociador dos EUA e enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, em Moscou, para debater a proposta de paz mediada por Washington, após a revisão do texto por diplomatas ucranianos.

O encontro ocorre em um momento em que os EUA pressionam para que um acordo de paz seja firmado entre os dois países, embora os confrontos continuem com toda a intensidade no front: o lado russo anunciou nesta terça a tomada da estratégica cidade de Pokrovsk, centro logístico no leste da Ucrânia — algo que Kiev nega —, enquanto um levantamento registrou um aumento no número de drones e mísseis contra o território ucraniano em novembro.

Atenção ainda aos dados da economia brasileira. Números do IBGE divulgados durante a manhã trouxeram que a indústria brasileira registrou crescimento abaixo do esperado em outubro, caminhando para o fim do ano sem ganhar ritmo em um ambiente interno adverso e em meio a incertezas no cenário externo. Em outubro a produção industrial teve avanço de 0,1% em relação ao mês anterior, resultado que ficou aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,4%.

O indicador pode ajudar a balizar as apostas sobre o início do ciclo de cortes na Selic –ainda que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tenha esfriado um pouco do entusiasmo com suas declarações recentes, reiterando cautela para o corte de juros.

“O Ibovespa apenas aparou ganhos [na véspera], fechando o dia aos 158,6 mil pontos. A curva lidou ontem com as pressões dos yields externos, mas declarações um pouco mais comedidas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ajudaram a conter os avanços. Ainda assim, persistem as dúvidas quanto ao início dos cortes da Selic entre janeiro e março”, completa em nota o sócio da Tendências Consultoria.