ECONOMIA


Presidente do BC reforça função do FGC e diz que supervisão financeira exige ajustes constantes

Segundo Gabriel Galípolo, grandes bancos operam com vantagem implícita do too big to fail

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

 

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (25), durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a supervisão do sistema financeiro é “um trabalho contínuo”, baseado em ajustes permanentes conforme surgem novos desafios.

“Você vai estar sempre vendo o que aconteceu, aprimorando”, disse. Para ele, episódios de risco são inerentes à dinâmica econômica, já que “instituições como bancos são falíveis”.

Galípolo chamou atenção para o fato de que, no sistema financeiro global, algumas instituições operam com uma vantagem implícita. “[As maiores instituições] gozam de um benefício, de uma condição que é entendida como too big to fail, elas são grandes demais para falhar”, afirmou. Segundo ele, quando um banco concentra “10%, 15% do PIB em ativos”, qualquer crise pode gerar “repercussões sistêmicas”, afetando toda a economia.

Esse cenário, explicou, influencia o comportamento de investidores e depositantes. “[O depositante pensa]: ‘Eu sei que essa instituição não vai poder falhar; no final do dia, vai ter que se resolver o problema dela’.” Esse entendimento criaria uma assimetria no mercado, pois grandes bancos atrairiam naturalmente mais recursos por contarem com essa proteção implícita.

Para reduzir esse desequilíbrio, o presidente do BC ressaltou a importância do Fundo Garantidor de Créditos. Ele lembrou que o FGC foi criado justamente para dar segurança a quem deposita em instituições que não têm porte suficiente para contar com o benefício do too big to fail. “Para conferir isso a outras, se criou a figura do fundo garantidor de crédito”, disse, ao observar que modelos semelhantes existem em vários países.

Galípolo também detalhou como o Banco Central monitora riscos no sistema. Segundo ele, cabe à autoridade monetária verificar se os ativos das instituições estão adequados e se as garantias realmente existem. “Esse é o risco que o Banco Central vai olhar na sua auditoria.” Já a disposição de cada banco em assumir riscos ao adquirir determinados ativos, destacou, “não está na alçada do Banco Central”.

Com informações do InfoMoney