POLÍTICA


Motta evita polarização e segura votação do ‘PL do terrorismo’ pela segunda vez

Governo teme brechas para intervenção estrangeira e aposta em priorizar o projeto antifacções

Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

A votação do projeto que equipara facções criminosas a organizações terroristas foi adiada novamente nesta quarta-feira (5), depois que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), abriu sessão no plenário pela manhã, manobra que cancela automaticamente as reuniões das comissões. A oposição pressiona pela análise, mas o governo teme que a medida crie precedentes para intervenções militares estrangeiras e possíveis sanções dos Estados Unidos.

Por isso, o líder do governo, José Guimarães (PT), pediu pessoalmente a Motta que segure o texto. Aliados afirmam que o presidente da Câmara quer evitar que a pauta de segurança pública vire um novo foco de polarização e, por isso, busca avaliar impactos diplomáticos antes de definir o rito. A relatoria no plenário ainda não está certa e pode não ficar com um nome da oposição.

Na CCJ, o projeto tem como relator Nikolas Ferreira (PL), mas, por tramitar em urgência, pode ir direto ao plenário. O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), também se movimenta para reassumir o mandato e relatar a proposta. Nos bastidores, governistas dizem que aceitariam Derrite como relator apenas se ele retirar o trecho que classifica facções como terrorismo.

Deputados da base veem os adiamentos como estratégia para priorizar o projeto antifacções enviado pelo governo, que endurece penas e cria novas ferramentas de investigação. Um parlamentar do Centrão que conversou com Motta afirma que ele deu sinais de que quer avançar com o texto do Executivo, não com o PL do terrorismo.

Autor da proposta, Danilo Forte (União Brasil) pediu que seu projeto seja apensado ao do governo, numa tentativa de influenciar a tramitação. Já o presidente da CCJ, Paulo Azi (União Brasil), afirmou que Motta ainda não decidiu qual rito adotará para o texto antifacções.