BRASIL


Fuzis feitos em fábricas clandestinas de SP e MG abastecem CV no Rio

Imagens inéditas divulgadas pela TV Globo mostram como funcionava o novo e sofisticado esquema para produção de arsenal

Imagem: Reprodução/TV Globo

 

Fuzis feitos em fábricas clandestinas em Minas Gerais e em São Paulo passaram a alimentar o arsenal do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Imagens inéditas divulgadas pelo Fantástico (Globo) mostram como funcionava o novo e sofisticado esquema, alvo de investigação da Polícia Federal.

Segundo a reportagem, pelo menos uma vez por mês, um homem identificado Rafael Xavier do Nascimento transportava os armamentos de São Paulo para o Complexo do Alemão, comunidades da zona norte fluminense e áreas de milícias.

Ele foi preso em flagrante com 13 fuzis na Via Dutra.

A investigação da Delegacia de Repressão a Drogas da Polícia Federal também encontrou no telefone de Rafael uma série de mensagens trocadas com o destinatário das armas de guerra

De acordo com o Fantástico, as armas eram produzidas em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista. A fábrica utilizava pelo menos 11 equipamentos industriais de precisão, como tornos e fresadores.

No local, a PF apreendeu cerca de 150 fuzis prontos, além de mais de 30 mil peças. A linha de montagem tem capacidade para fabricar até 3.500 fuzis por ano.

“Ele fabricava o fuzil por inteiro. Era uma planta industrial profissional. Não era uma fábrica de garagem. Eram equipamentos de alta precisão que custavam milhões de reais”, disse o delegado Samuel Escobar. Nas imagens divulgadas pela Polícia Federal, aparece Anderson Custódio Gomes, apontado como integrante do núcleo operacional da quadrilha. Ele e um comparsa foram presos em flagrante enquanto transportavam peças suficientes para a montagem de 80 fuzis.

O material havia saído da fábrica e seria levado para o depósito do grupo em Americana (SP).

A fachada do esquema era uma empresa com CNPJ registrado como fábrica de peças aeronáuticas, pertencente ao piloto de avião Gabriel Carvalho Belchior. Em 2015, Gabriel ganhou notoriedade após o avião que pilotava cair no mar da Praia do Leblon, no Rio de Janeiro.

De acordo com a PF, o piloto enviava fuzis desmontados dos Estados Unidos para o Brasil, escondidos em caixas de piscinas infláveis e outras mercadorias.

Os itens eram comprados nos EUA e despachados a partir de uma casa alugada por ele na Flórida.

Antes do início da operação, no começo do mês passado, Gabriel deixou o país. Em um áudio enviado a um parente, afirmou estar nos Estados Unidos.

A Receita Federal interceptou uma das remessas em agosto, e o piloto está foragido. O nome dele foi incluído na lista de procurados da Interpol.

Conforme a PF, o modelo dos fuzis enviados ao Brasil difere do tipo fabricado na oficina clandestina desmantelada no interior paulista.