ECONOMIA


Montadoras de veículos alertam para risco de paralisação por falta de chips

Disputa global pelo controle de tecnologia de semicondutores e terras raras é origem do problema

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) alertou nesta quinta-feira (23) para o risco de paralisação na produção de veículos no Brasil devido à escassez crítica de semicondutores, que já começa a afetar montadoras em outros países e pode atingir o setor automotivo nacional nas próximas semanas.

Em nota, a entidade comparou o atual cenário à crise global de chips registrada durante a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021, quando fábricas em todo o mundo reduziram ou suspenderam suas operações.

Segundo a Anfavea, o novo episódio de desabastecimento está relacionado a tensões geopolíticas recentes. “A nova crise dos chips se deve a disputas intensificadas neste mês, depois que o governo holandês assumiu o controle da fabricante Nexperia, subsidiária de um grupo chinês”, informou a entidade. “Em resposta, a China impôs restrições à exportação de componentes eletrônicos, o que já afeta a produção em algumas fábricas automotivas na Europa e arrisca parar montadoras no Brasil.”

A associação destaca que cada veículo moderno utiliza de mil a 3 mil chips, essenciais para o funcionamento de sistemas eletrônicos e de segurança. “Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, diz a nota.

O presidente da Anfavea, Igor Calvet, reforçou a gravidade da situação. “Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador, marcado por altos juros e desaquecimento da demanda. A urgência é evidente”, afirmou.

A entidade informou ainda que já comunicou o governo federal sobre o risco de desabastecimento e pediu medidas rápidas e coordenadas para evitar um colapso na indústria automotiva. “A Anfavea está atenta e preocupada com o risco de paralisação da produção de veículos no país”, conclui o comunicado.