BRASIL


Metanol em bebidas falsas revela dimensão do mercado ilegal, diz especialista

Especialista aponta ligação entre crime organizado e falsificação crescente, estimando prejuízo anual de R$ 88 bilhões

Foto: Biodiesel Brasil

 

Segundo Rodolpho Ramazzini, especialista em combate a fraudes, o recente surto de contaminações por metanol em bebidas falsificadas é apenas a ponta do iceberg do mercado ilegal de bebidas no Brasil. O crime organizado já estaria envolvido há anos nessa cadeia, aproveitando-se da falta de fiscalização para distribuir produtos adulterados. 

Ramazzini destaca que a desativação do Sicobe (Sistema de Controle de Produção de Bebidas) em 2016 intensificou o problema, pois o sistema ajudava a rastrear em tempo real o que era produzido nas fábricas. Com seu desligamento, as fraudes se multiplicaram, e bebidas destiladas passaram a ser alvo fácil de adulterações.

“Segundo diversos estudos e declarações do próprio setor, da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo, dentre outros, hoje 36% das bebidas destiladas vendidas no Brasil são ilegais, falsificadas, contrabandeadas ou adulteradas”, afirmou o especialista em entrevista à revista Exame.

O mercado ilegal de bebidas gera um prejuízo estimado em cerca de R$ 88 bilhões por ano, segundo especialistas. As autoridades enfrentam dificuldades para identificar a origem dos lotes contaminados, já que muitos produtos falsificados circulam sem etiquetas apropriadas ou com documentos fiscais irregulares. A recomendação é que os consumidores verifiquem a procedência do produto, exijam nota fiscal e desconfiem de preços muito abaixo do mercado.