ECONOMIA


Exportações da Bahia recuam 12,6% em setembro com desaquecimento do comércio global

Tarifaço não afeta diretamente o volume exportado da Bahia aos EUA, que cresce 38,3%

Foto: Jean Vagner/Ascom SEI

 

Sob impacto de queda de 1,6% no volume embarcado e, principalmente, de 11,3% nos preços médios, dados preliminares sobre as exportações baianas acusam recuo de 12,6% nas vendas em setembro, comparado a igual mês de 2024, alcançando US$ 923 milhões. O principal fator por trás da queda continua sendo a nova realidade mundial marcada por incertezas sem precedentes com a política do tarifaço dos EUA a diversos países e a consequente desaceleração do crescimento econômico global. As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan), a partir da base de dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

No acumulado do ano até setembro, as exportações baianas somam US$ 8,33 bilhões, uma queda de 4%, com redução de 7,1% nos preços médios, mas ainda com aumento no volume embarcado de 3,3%. No terceiro trimestre, entretanto, quando comparadas ao mesmo período do ano passado, as vendas externas baianas acusam forte desaceleração de 16,3% em valor e de 9,4% no quantum (volume embarcado).

Além do recuo nos preços, principalmente de commodities, a valorização do real frente ao dólar, o tarifaço, a redução dos preços médios dos produtos exportados e aumento de custos de produção, pressionados por salários e serviços, vêm tirando a margem de lucro dos exportadores trimestre após trimestre, de forma generalizada, atingindo indústria, setores extrativos e a agropecuária.

Até setembro, as exportações agropecuárias cresceram 0,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. No caso da indústria de transformação, houve queda de 5,6%, enquanto no caso da indústria extrativa também houve recuo, de 10,6%.

A China permanece na liderança dos destinos dos produtos baianos, com 26,3% de participação até setembro, com redução de 9% em valor, mas aumento de 5% no quantum, reflexo da desvalorização das commodities.

Os EUA, mesmo com o tarifaço, registram no ano aumento de 38% nos embarques e de 5,8% no valor exportado. Em setembro, segundo mês de vigência do tarifaço, as vendas ao país também aumentaram 38,3% em volume, mas com queda nos valores em 4%, reflexo da inflexão nos preços dos principais produtos exportados ao país como frutas, celulose, óleo combustível e produtos químicos.

Até setembro, na mesma base de comparação, as vendas para a Ásia, recuaram 3,3%, para a América do Norte subiram 14,2%, para a América do Sul também cresceram 46% (principalmente Argentina, Panamá, Chile e Colômbia). Para a Europa tiveram queda de 7,8%.

IMPORTAÇÕES

As importações alcançaram US$ 7,30 bilhões no acumulado até setembro com queda de 12,3% no comparativo interanual. No mês de setembro, elas alcançaram US$ 893 milhões, o que também é inferior em 13,4% no comparartivo com igual mês de 2024.

As compras de combustíveis, que alavancaram os desembolsos em setembro, não repetiram o desempenho e caíram 46%. Os bens intermediários mantiveram crescimento tímido de 1,3% consoante com a produção industrial, que este ano anda de lado. Já as compras de bens de consumo cresceram 754,8%, impulsionadas pela importação de veículos de passageiros.

Com os resultados apurados até setembro, o saldo comercial da Bahia atingiu US$ 1,02 bilhão, aumento de 193% no comparativo interanual. A corrente de comércio, soma de exportações e importações, alcançou US$ 15,63 bilhões, com uma redução de 8,1%.