POLÍTICA


Lula volta de périplo internacional pressionado por crise do INSS e atritos internos

Aliados dizem esperar postura ativa do presidente para conter novos focos de desgaste dentro do governo e na relação com Congresso

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Lula (PT) voltará de viagens internacionais sob uma crise interna causada pelo escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), com a possível instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso. O cenário de soma-se a atritos internos entre ministros e dentro de sua instável base de apoio, informa reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

Os novos focos de desgaste acontecem num momento em que o governo trabalhava para reverter a queda de popularidade da gestão. Os dois episódios foram amplamente usados pela oposição para atacar o Executivo e, segundo pesquisas internas, neutralizaram o esforço de recuperação da avaliação do presidente.

Lula viajou acompanhado de uma comitiva com parlamentares e ministros de seu governo para a Rússia no último dia 7 e de lá seguiu para a China, onde ficou até quarta-feira (14). Nesta quinta-feira (15), esteve no Uruguai para o funeral de José Pepe Mujica.

A viagem à China ficou marcada pelo vazamento de uma conversa que o petista e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, tiveram com o líder chinês, Xi Jinping, sobre a rede social TikTok.

Embora Lula tenha negado desconforto com as autoridades de Pequim, o episódio expôs o governo, com acusações sobre quem foi o responsável pela divulgação à imprensa, e irritou o presidente da República, que publicamente criticou o ocorrido.

Como a coluna Mônica Bergamo informou, o petista fez questão de deixar claro aos ministros que viajaram que estava contrariado e inconformado com o vazamento da conversa.

De acordo com dois integrantes da comitiva, Lula, inclusive, proibiu que qualquer autoridade que viajava com ele de volta ao Brasil descesse do avião em parada na Rússia —o que foi interpretado como uma tentativa do presidente de impedir novos vazamentos, explicitando o clima de desconfiança entre os integrantes do governo.

Além disso, segundo relatos feitos à reportagem, o ministro Rui Costa (Casa Civil), apontado como principal suspeito de vazar a conversa, queixou-se a interlocutores durante o voo. De acordo com dois integrantes da comitiva, afirmou que não precisa se preocupar somente com seus adversários políticos, mas também com os próprios aliados.

Na véspera do retorno ao Brasil, aliados do presidente da República diziam esperar de Lula uma postura ativa para conter os atritos entre integrantes de seu governo e evitar que esses conflitos gerassem novos desgastes à imagem de sua gestão.