ECONOMIA


Argentina: Peso e Bolsa caem e risco é o maior em um ano

Eleições iminentes e incertezas econômicas elevam tensão no mercado financeiro dos hermanos

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

O mercado financeiro da Argentina viveu mais um dia de instabilidade nesta quinta-feira (18), com o dólar em alta e quedas significativas em ações e títulos. O risco de investimento ultrapassou a marca de 1.400 pontos-base, gerando apreensão entre os investidores. Com a proximidade das eleições, a atenção se volta para a taxa de câmbio oficial e a quantidade de dólares que o Banco Central da República Argentina (BCRA) precisa vender para conter a volatilidade. Na última quarta-feira, o BCRA fez uma intervenção inédita desde abril, vendendo US$ 53 milhões. Já na quinta-feira, essa cifra saltou para US$ 379 milhões, a fim de estabilizar o câmbio.

No mercado atacadista, o dólar subiu para 1.476 pesos argentinos, superando o teto da banda de flutuação de 1.471 pesos. No varejo, o dólar oficial foi cotado a 1.509 pesos, enquanto o dólar para compras internacionais chegou a 1.943 pesos. No mercado financeiro, os dólares MEP e CCL atingiram 1.558 pesos, e no mercado informal, o dólar blue foi negociado a 1.510 pesos. Analistas mostram preocupação com o comportamento da oferta e demanda nas próximas semanas, especialmente com as eleições legislativas nacionais marcadas para 26 de outubro.

A Folha de S.Paulo destacou que os títulos da dívida argentina caíram 10%, enquanto a oferta de dólares dos agroexportadores diminui no terceiro trimestre. As expectativas em torno dos resultados eleitorais se ajustam após o governo sofrer uma derrota nas eleições legislativas na província de Buenos Aires. O presidente Milei enfrenta desafios para garantir apoio às reformas, com o mercado de câmbio sob pressão. Nesta quinta-feira, Milei sofreu outra derrota no Senado, com a rejeição de um veto à distribuição de recursos para as províncias. A situação se agrava com o BCRA enfrentando um déficit em relação ao acordo com o FMI, e indicadores apontando para uma recessão econômica.

O índice de ações S&P Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, recuou 5,3% na quinta-feira, acumulando uma perda de quase 50% em dólares no ano. As ADRs na Bolsa de Nova York também recuaram 9,5%, mostrando a dificuldade dos investidores em lidar com a turbulência política e econômica do país. O Indec divulgou que a taxa de desocupação no segundo trimestre foi de 7,6%, com o desemprego na Grande Buenos Aires atingindo 8,7%. A economia argentina estagnou no segundo trimestre, com uma leve queda de 0,1% do PIB em relação ao primeiro trimestre, refletindo o momento desafiador que o país enfrenta.