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Inquérito da ONU diz que ações de Israel configuram genocídio em Gaza

Governo israelense nega e afirma que acusações são "escandalosas"

Foto: UN News

Um inquérito da ONU concluiu que Israel incitou genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza. O relatório, divulgado nesta quarta-feira (data do anúncio da operação terrestre israelense na Cidade de Gaza), cita assassinatos em larga escala, bloqueios de ajuda humanitária, deslocamentos forçados e até a destruição de uma clínica de fertilidade como elementos que respaldam a acusação.

Segundo Navi Pillay, ex-juíza do Tribunal Penal Internacional e chefe da Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, “o genocídio em curso em Gaza é um ultraje moral e uma emergência legal”. Ela afirmou que a responsabilidade recai sobre as mais altas autoridades israelenses, que teriam conduzido uma campanha genocida com o objetivo de destruir a população palestina no enclave.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, que aparece citado no relatório, rejeitou as conclusões, acusando a comissão de distorcer suas falas. O embaixador israelense na ONU em Genebra, Daniel Meron, classificou o documento como “escandaloso” e “falso”, afirmando que foi elaborado por “representantes do Hamas”.

A comissão, que produziu um parecer de 72 páginas, é independente e não fala oficialmente em nome da ONU, mas aumenta a pressão para que o organismo internacional reconheça formalmente o termo “genocídio” em relação ao conflito. Pillay afirmou esperar que o secretário-geral António Guterres e o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, considerem os fatos apresentados.

Israel já enfrenta um processo por genocídio na Corte Internacional de Justiça, em Haia. O governo sustenta que age em autodefesa após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que mataram 1.200 pessoas e resultaram no sequestro de 251 reféns.

Desde então, mais de 64 mil palestinos foram mortos em Gaza, segundo autoridades de saúde locais. Além disso, parte do território sofre com fome, de acordo com monitoramentos internacionais. A ONU definiu em 1948 que genocídio é o crime cometido com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.