ECONOMIA


Alckmin minimiza impacto do tarifaço de Trump e diz que Brasil buscará novos mercados

Vice-presidente afirma que sobretaxas atingem 3,3% das exportações brasileiras e destaca medidas do governo para apoiar setores mais afetados

Foto: Cadu Pinotti/Agência Brasil

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado (23) que o Brasil tem condições de superar os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo ele, a dependência do país em relação ao mercado norte-americano é bem menor que em décadas anteriores.

“Vai passar. Na década de 1980, 24% das exportações brasileiras iam para os EUA. Hoje, esse percentual caiu para 12%, e apenas 3,3% do total está sendo impactado pelo tarifaço”, disse durante debate promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília.

De acordo com Alckmin, os setores mais atingidos pela tarifa de 50% são os de manufaturados, como máquinas, equipamentos, calçados e têxteis. “Esses segmentos sofrem mais porque é mais difícil realocar mercados. Já produtos como carne e café encontram alternativas com maior facilidade”, explicou.

O vice-presidente reforçou que o Brasil continuará negociando para reduzir a alíquota e ampliar a lista de itens excluídos da sobretaxa. Atualmente, cerca de 42% das exportações ficaram de fora da medida, enquanto 16% entraram em categorias tarifadas de forma global, a exemplo do aço, alumínio e cobre.

Como estratégia de diversificação, Alckmin destacou a expectativa de assinatura do acordo Mercosul-União Europeia até o fim do ano, além das tratativas em andamento com o EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), Singapura e Emirados Árabes Unidos.

Ele também ressaltou medidas adotadas pelo governo federal para reduzir os prejuízos aos exportadores, como a abertura de novas linhas de crédito, a suspensão de tributos sobre insumos importados (drawback) e o aumento da restituição de impostos federais para empresas afetadas.

No campo internacional, Alckmin lembrou que o Brasil já acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida norte-americana e não descarta que a disputa avance também na Justiça dos EUA. “Não se pode usar política regulatória por razões partidárias ou políticas”, afirmou.