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Cade suspende Moratória da Soja

Decisão do Cade pode abrir caminho para aumento do desmatamento, ameaçando metas climáticas do Brasil

Foto: Reprodução/redes socias

 

A recente decisão da Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de suspender a Moratória da Soja gerou grande preocupação entre organizações socioambientais. O acordo, que há 19 anos proíbe a compra de soja cultivada em áreas desmatadas na Amazônia após 2008, é visto como uma das ferramentas mais eficazes para conter o desmatamento. A coordenadora de florestas do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti, alerta que a suspensão pode aumentar o desmatamento, comprometendo as metas climáticas do país.

Segundo dados divulgados pelas organizações, a Moratória nunca impediu o crescimento da produção de soja na Amazônia, que subiu 344% entre 2009 e 2022. Ao mesmo tempo, o desmatamento reduziu 69% no mesmo período. O WWF-Brasil ressalta que o Brasil possui vastas áreas de terras degradadas que poderiam ser recuperadas para a agricultura, sem a necessidade de desmatar novas áreas florestais.

O Cade justificou a suspensão como uma medida investigativa sobre um possível cartel de compra por grandes tradings internacionais. O inquérito administrativo foi instaurado para investigar 30 empresas do setor. As empresas foram proibidas de compartilhar informações comerciais sobre a Moratória. A decisão foi motivada por uma representação da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, que apontou a prática de cartel associada à Moratória.

A Agência Brasil, que reportou o caso, destacou que a decisão do Cade ocorre em meio a críticas de projetos de lei estaduais contra a Moratória. A WWF Brasil vê a suspensão como uma tentativa de expandir a agropecuária de forma desordenada na Amazônia, destruindo a floresta e ameaçando o futuro do Brasil. A coordenadora do Greenpeace argumenta que a decisão favorece aqueles que lucram com a destruição da floresta, punindo quem atua para protegê-la.