ECONOMIA


Pesquisa aponta que 75% dos brasileiros veem motivação política no tarifaço de Trump

Levantamento foi realizado entre os dias 1º e 5 de agosto, dias antes de a sobretaxa entrar em vigor, na última sexta-feira (6)

Foto: Official White House/Joyce N. Boghosian

Uma pesquisa Ipsos-Ipec divulgada nesta terça-feira (12) mostra que três em cada quatro brasileiros (75%) acreditam que o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações do país tem motivação política. Apenas 12% avaliam que a medida é uma questão exclusivamente comercial, enquanto 5% consideram que envolve ambas as razões. Outros 8% não souberam ou preferiram não responder.

O levantamento foi realizado entre 1º e 5 de agosto, dias antes de a sobretaxa entrar em vigor, na sexta-feira (6). Ao todo, foram ouvidas 2 mil pessoas em 132 cidades, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

A percepção de motivação política é mais acentuada entre brasileiros de 45 a 59 anos (80%) e moradores do Nordeste e Sudeste (77% em cada). Por religião, 76% dos católicos e 74% dos evangélicos veem motivação política. O índice também é alto em todas as faixas de renda, variando de 70% a 77%.

Impacto na imagem dos EUA

Segundo o Ipsos-Ipec, a medida deteriorou a imagem dos Estados Unidos entre os brasileiros. Antes do tarifaço, 48% avaliavam o país como “ótimo” ou “bom”, 28% como “regular” e 15% como “ruim” ou “péssimo”. Após o anúncio, 38% disseram que a percepção piorou, 6% afirmaram que melhorou e 51% mantiveram a mesma opinião.

Retaliação e novos parceiros

A pesquisa também revela divisão sobre como o Brasil deve reagir: 49% defendem retaliar os EUA com tarifas equivalentes, enquanto 43% são contrários. A defesa da retaliação é mais forte entre eleitores de Lula (61%), moradores do Norte/Centro-Oeste (58%) e pessoas de 16 a 24 anos (55%). Entre contrários, predominam eleitores de Jair Bolsonaro (56%), moradores do Sul (52%) e evangélicos (50%).

Já 68% dos entrevistados acreditam que o país deve priorizar acordos com outros parceiros comerciais, como China e União Europeia. Para 60%, há risco de isolamento internacional após o aumento das tarifas; 32% discordam dessa avaliação.