POLÍTICA


Itamaraty e Gleisi respondem a ataque de vice-secretário de Trump

Publicação acusava ministro do STF de assumir poderes ditatoriais

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e a Secretaria de Relações Institucionais repudiaram os ataques do vice-secretário do Departamento de Estado dos EUA, Christopher Landau, ao sistema judiciário brasileiro. Landau afirmou que “um único ministro do STF usurpou poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros poderes”.

Para o Itamaraty, a postagem representa “novo ataque frontal à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde vierem”. A pasta informou que esta foi a segunda manifestação hostil dos EUA em três dias e reiterou seu “absoluto rechaço às ingerências” em assuntos internos do Brasil.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também criticou a publicação, classificando-a como “arrogante” e uma “gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à verdade”. Ela afirmou que “quem tentou usurpar o poder em nosso país foi Jair Bolsonaro” e que “a família Bolsonaro está destruindo a relação histórica entre os dois países, estimulando Donald Trump”.

Gleisi ressaltou que “Executivo, Legislativo e Judiciário rechaçaram o golpe de 8 de janeiro, a chantagem de Trump, o motim bolsonarista pela anistia e as sanções contra ministros do STF”. Ela concluiu: “Se querem restaurar uma amizade histórica, comecem por respeitar a soberania do Brasil, nossas leis e Justiça”.

Landau afirmou que “um magistrado acumulou autoridade excessiva e destruiu a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos”, acrescentando que “é possível negociar com líderes do Executivo ou Legislativo, mas não com um juiz”. A postagem foi repostada pela Embaixada dos EUA no Brasil.

Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, em resposta às ameaças ao Judiciário. O governo brasileiro criticou também publicações anteriores do Departamento de Estado que acusavam o ministro Alexandre de Moraes de “censura” e “perseguição” contra Jair Bolsonaro.

Os EUA aplicam sanções financeiras a Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando violações de direitos humanos ou corrupção, e justificaram o aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros também devido à atuação do STF. O governo Trump critica o processo penal contra Bolsonaro e medidas de bloqueio de conteúdos em plataformas digitais norte-americanas.